Pintura em tela de Luciano Pina |
Eu traduzia para TODO. O TODO.
Ele, porém, nunca me corrigia.
Soube mais recentemente: era a minha ideia de Deus, como poderia questionar-me?
Uma das vivências mais marcantes na MONTANHA foi quando MESTRE JUAN demonstrou como os índios representam com o corpo as vogais. Para eles, a comunicação com a natureza, da mesma forma que com o lado esquerdo do cérebro humano, seu íntimo, se faz através delas. Nos trabalhos mágicos, os xamãs encantam as energias com variações destes sons, pronunciando apenas as vogais das sílabas, sem consoantes.
As consoantes, códigos racionais, são utilizadas na linguagem para que o hemisfério direito do cérebro entenda, vivencie aquilo que aceitou intimamente. O lado esquerdo entende, aceita. O lado direito concretiza.
Representar fisicamente cada vogal possibilita absorver o significado profundo nela embutido. Este é um exercício bastante eficaz para ensinar às crianças.
Para fazer o A, os dois pés se fixam no chão equidistantes, formando uma base sólida. Os braços apontam para os lados e para baixo, o tronco reto. Uma postura de captação da geo-energia, em consonância com os valores terrestres. Pronuncia-se o A jogando a força para baixo, confirmando sua ligação com o solo.
A vogal E vai tanto para a direita, como para a esquerda. Tem mobilidade, não se fixa, nem se eleva. Leva, traz, de um lado a outro. Pronuncia-se E-E-E-E-E-E-E-E, deslocando-se lateralmente, sem virar-se de frente para o local aonde se dirige.
A letra I , com uma base pequena na terra, tem um movimento ascendente, enfatizado pelo pingo colocado acima, como uma auréola. Pronuncia-se o I com as pernas unidas, corpo ereto, elevando os braços para cima. O som sobe ao firmamento.
A letra O abarca o que tem ao redor, juntando tudo num círculo. Junta-se as mãos como se segurasse uma bola, as pernas arqueadas. Pronuncia-se um O bem redondo.
Para representar o U, faz-se um movimento para baixo e em seguida para cima, com força intensa. Embora os pés fiquem no chão, a energia do chacra básico descola-se do chão ao se pronunciar U, para fora e para cima.
Na semana passada, quando ia escrever TODO em um texto, minha palavra usual para designar DEUS, minhas mãos hesitaram, obedecendo a um impulso do coração. Surgiu, então, a rememoração deste ensinamento. Instantaneamente, percebi a circularidade das minhas ideias. Meu deus colocado num recipiente fechado, onde as extremidades se juntam.
Como continuar com isso, sabendo que, a cada dia, amplia-se mais e mais o universo conhecido?
A partir daquele insight, ao menos por hoje, escolho TUDO. O aberto e o fechado, formando um som que se abre, que se fecha.
Por que não DEUS, um som que vai para os lados e para cima, tal qual EU?
Talvez necessite, ainda, vencer algumas resistências, romper couraças históricas, completar minhas tarefas para encontrar o INOMINÁVEL.
Adendo em 31/12/2012
Hoje, por e-mail - Hinduism Today, mais uma prova cotidiana de que Ele, o TODO, o TUDO, me ouve e me responde:
"G-o-d, d-o-g. both the same. Top and bottom. See God in everything. You must do that!" Satguru Yogaswami (1872-1964), reverenciado místico contemporâneo do Sri Lanka
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