"Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta." Carl Gustav Jung
Confira documento histórico no link:
A revolta dos Escravos em 1833
Sonhos reais:
Algumas pessoas têm sonhos tão grandiosos, que necessitam subjugar tudo ao seu redor para poder concretizá-los, ou no intuito de. Para isso existem os escravos, os funcionários fiéis.
O sol está prestes a tocar a terra... é laranja, sob fundo rosa. Será que poderei ver Marte hoje? Gorda sensação, bolha suspensa no ar, mergulhando nas montanhas, sem confundir-se com elas. Surge um portal, fazendo-o parecer uma tenda que esmaece pouco a pouco, indo procurar outro espaço.
Assim se foi mais um dia de eternidade.
A pipa voa sob o céu nublado, cinza azulado. As andorinhas acompanham, ao canto dos pássaros prisioneiros.
A lua sorri, como o gato de Alice, descobrindo uma nuvem rosa por trás das cúmulus que avançam.
Alguns moradores aparecem nos telhados de suas casas, ao som da Rádio Montanha das Letras. É hora do Tao.
Distinguir as impressões... Ela aprendera com os índios que é só olhar em volta para receber as mensagens.
As pegadas se entrecruzam...
Na viagem de volta a São Thomé, ela pensava uma vez mais: o que a levara tão longe? Tentava avaliar se valera a pena, se trilhara o caminho.
Realidade em sonho:
O sonho a seguir é uma de minhas anotações de 1987, dois anos antes de saber da existência da cidade de São Thomé das Letras:
O sonho a seguir é uma de minhas anotações de 1987, dois anos antes de saber da existência da cidade de São Thomé das Letras:
Barão de Alfenas Foto de E.Sattelmayer |
Estava com meu filho, mas não com os atuais corpos. Éramos claros e estávamos na época das saias compridas – far-west. Havíamos nos perdido e de alguma forma eu sabia que não iríamos sair vivos dessa.
Ouvia uma voz no fundo da cena, como que narrando uma história. Éramos filhos de um barão, muito odiado e, a qualquer momento, se descobertos, seríamos mortos.
Em algum momento anterior, separei-me de meus amigos e familiares.
Perdida, numa espécie de cidade pequena no meio do deserto, sabia que nunca mais voltaria a ver aquelas pessoas – ou melhor, a voz dizia isso, embora no fundo eu lutasse para me salvar e ao meu filho.
Vi-me mexendo em roupas e num revolver, que estava pendurado em uma parede, junto com umas roupas de homem. Cheguei a pegar o revolver e coloca-lo dentro da bolsa. Em seguida, atormentada pela dúvida, se deixava ou levava, pensando: será que serei morta por não levar a arma, ou por leva-la? – acabei pendurando-a onde estava.
Saímos, e aquela voz repetia: “nunca mais ela voltará a ver aquelas pessoas...” Angustiada, visualizava um mapa, na cabeça, e sentia falta de uma bússola.
Foto de Valquiria Rosa |
O céu esteve encoberto o dia todo, mas o sol acaba de sair da escuridão e, já próximo do horizonte, irá se por sob um fundo límpido e rosado. Ele está inteiro agora, resplandescendo sem ofuscar... suavemente.
Algumas pessoas têm sonhos tão grandiosos, que necessitam subjugar tudo ao seu redor para poder concretizá-los, ou no intuito de. Para isso existem os escravos, os funcionários fiéis.
O sol está prestes a tocar a terra... é laranja, sob fundo rosa. Será que poderei ver Marte hoje? Gorda sensação, bolha suspensa no ar, mergulhando nas montanhas, sem confundir-se com elas. Surge um portal, fazendo-o parecer uma tenda que esmaece pouco a pouco, indo procurar outro espaço.
Assim se foi mais um dia de eternidade.
A pipa voa sob o céu nublado, cinza azulado. As andorinhas acompanham, ao canto dos pássaros prisioneiros.
A lua sorri, como o gato de Alice, descobrindo uma nuvem rosa por trás das cúmulus que avançam.
Alguns moradores aparecem nos telhados de suas casas, ao som da Rádio Montanha das Letras. É hora do Tao.
..."o sábio, ainda que esteja rodeado de glória, não esquece o começo."
No princípio, era uma praça na Montanha, onde todos se reuniam. Agora é o rádio que fala, procurando maior alcance.
Daqui se ouve a batida do funk na praça de hoje. Muita, muita gente batendo as estacas.
No princípio, era uma praça na Montanha, onde todos se reuniam. Agora é o rádio que fala, procurando maior alcance.
Daqui se ouve a batida do funk na praça de hoje. Muita, muita gente batendo as estacas.
Pôr de Sol em São Thomé das Letras |
Distinguir as impressões... Ela aprendera com os índios que é só olhar em volta para receber as mensagens.
Na viagem de volta a São Thomé, ela pensava uma vez mais: o que a levara tão longe? Tentava avaliar se valera a pena, se trilhara o caminho.
Observava a diferença dos trabalhadores na recuperação do Tietê e comparava aos de Minas... “a pedra São Tomé não se pode lapidar; mas elas se encaixam perfeitamente umas às outras...”
Na entrada, a gata era sugada pelos filhotes. Alguns eram seus, outros não. Em enorme quantidade, circulavam naquele cômodo imundo. Na parede, um símbolo do anticristo. Por alguns momentos, despertou em seu íntimo o impulso de limpar, aquele velho sentimento, quase soberba, de salvar as crianças que lá viviam. Será que conseguiria?
A impotência já não lhe causava angústia. Apenas um sentimento de resignação.
Olhando nos olhos do menino pelo qual, enfrentando o temporal, vencera a subida da Rua do Cruzeiro e entrara por aquele portal que descortinava as trevas – um mundo cuja existência ela não gostava de admitir – via a luz da verdade e a súplica por ajuda. O rádio da escola havia sido roubado por um de seus colegas daquele grupo e somente ele sabia.
Diante dela, sem demonstrar resistência, o ladrão entregou o produto do roubo.
Ela duvidava de sua capacidade de amar do jeito como toda aquela gente requisitava... Como se ela fosse uma fonte inesgotável. Como a gata, às vezes rechaçava com a pata aqueles que insistiam, mas acabava cedendo. Afinal, estavam acostumados a tirar leite de pedras.
Não, não eram eles que exigiam aquele modo tirânico de amar. Era ela quem o exigia de si mesma. Exigia-o dos outros: um amor de sacrifícios, renúncias, sofrimento... Dedicação ampla e irrestrita até a morte.
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