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Gosto de observar as pessoas nos ônibus.
Existem leis e regras para se viver em comunidade e as implicações destas na prática são de uma variedade comparável ao Cosmos.
Redobrei minha atenção ao perceber a reação de um tio meu ao lhe oferecerem assento numa dessas viagens. Enrijeceu o corpo, mostrou-se agressivo, como se o tivessem chamado de velho incapaz encarquilhado. Ele que, aos passados 70, ainda esperava encontrar a mulher de sua vida. A gentileza civil estragou-lhe o dia.
Eu mesma fico na dúvida quando vejo mulheres barrigudas em pé. Procuro me certificar se estão mesmo grávidas e, às vezes, é impossível distinguir entre esse estado sublime e o resultado de finais de semana repletos de churrasco e cerveja. Se oferecer-lhe o lugar, poderá ofender-se?!
E quanto a ver jovens, tranquilamente sentados, indiferentes aos passageiros especiais, geralmente fico indignada. Quando nos assentos reservados, sempre há alguém que dá um toque, quando não se tocam.
Também percebo, em alguns casos, os mais novos em estado bem pior que muitos idosos. Alguns possivelmente trabalham feito estivadores, dobram jornadas para poder estudar. Não conseguem, mesmo, manter os olhos abertos. Em contrapartida, vejo idosos em boa forma, indo ou voltando de suas atividades físicas programadas.
Pensei como um simples passeio urbano pode proporcionar ensinamentos, estimulando pessoas a exercitar a compaixão, prestar atenção e até tentar adivinhar pensamentos e sentimentos, bem como a cuidar da própria aparência.
Para mim, com frequência, é divertido. Especialmente quando não me oferecem o lugar.
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