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segunda-feira, 8 de julho de 2013
Navegar é preciso, viver não é preciso!
Uma pequena homenagem para meus amigos de Portugal e outros que vivem à beira mar.
Para ela, a frase vem sempre através de uma voz de sotaque carregado, embalada por um instrumento que faz bater o vento nas velas.
A cada sonho, o sopro leva para um lado.
Na solidão e tédio da pequena aldeia, o mar à beira se impõe aos sentidos, despertando a necessidade visceral de mover o corpo ao objeto, à miragem delineada pelo desejo. Navegar é paixão que suplanta a vida. Ainda que alertem quanto ao precipício de um mundo quadrado, ela se lança, como Pompeu, gritando: navegar é preciso, viver não é preciso!
Na choupana que compõe o cenário de Fernando, enquanto aquece um pedaço de pão na pedra, ela observa os primeiros raios de sol rompendo a penumbra, invadindo, por instantes, a vida que desejava tornar grande, criando uma nova humanidade.
De repente, a luz revela: não, a vida não é precisa! O poema, montado com as rimas do costume, dividindo tudo em certo e errado, bom e mau, soa, dissonante. Esses julgamentos não são precisos!
Esse viver não é preciso. Navegar é preciso!
Voltando ao real, ela salva o pão, quase a queimar-se. O horizonte se expande no pequeno cômodo, junto com sua alma.
Sente o aroma do café, o vento a fazer-lhe ondas sobre o corpo.
Respira e sorri, saboreando sua primeira refeição.
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