Passados muitos anos desde a grande revolução, ela retornava, anônima, ao seu lugar de origem. A justificativa, plausível ao seu coração, era necessária para acionar os passos no sentido contrário ao que tomara: não desejava mais um pai tirano! Aquele deus do Velho Testamento se mostrava fora do contexto de sua vida como a queria agora. Precisava de paz!
Também perdera sentido o título "guerreiro" ao qual o mestre tentava fazer com que todos almejassem. Não encontrava referências genuínas em sua realidade atual, de heróis produzidos, de soldadinhos de chumbo.
Em sua cegueira parcial, representara vários papéis, ora como o soldado a defender ideais, ora como a bailarina do sonho de amor. Às vezes sentava-se, pensativa, a buscar significados para tanta luta, ou para os exercícios de suportar a dor com graça e elegância.
Parecia que ela nada entendera, realmente! Ou talvez tivesse tomado um atalho errado!
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Algumas vidas mais foram necessárias para esvaziar-se.
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Acontece de repente. Uma frase, uma palavra e surge um clarão.
Os tiranos, pequenos ou grandes, são os portadores da luz para quem carrega a vaidade, o orgulho, a prepotência, a mania de julgar! É esta a grande guerra! O combate é contra o que não é a essência. O guerreiro da luz aproveita o encontro, a oportunidade, o desafio para eliminar esses fatores em si que o tornam vulnerável.
O tempo todo, estava à sua frente, pelo menos em título: "Os pequenos ciganos da Montanha". Apenas um jogo de palavras para descrever o que eram uns para os outros: pequenos tiranos.