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A Montanha do Gigante (iluminada, ao fundo) |
Amar-te
É adormecer
Com o canto dos pássaros
É acariciar
O vento
É gozar
Nas águas
É abraçar
O fogo
Que era o amor?
Dentre eles, até ali,
Ninguém o conhecia.
(Versos acima do livro inacabado: “Os pequenos ciganos da Montanha” – Juan)
Foi um encontro de várias partes, como raramente ocorre.
Unidos, sentíamos que era possível construir uma nova cidade, concretizar aquela que existia nos nossos sonhos.
O que gerou essa força foi a similitude de idéias, de formas de buscar e exercitar o amor, de acordo com concepções pessoais que, a despeito de oposições ocultas, inconscientes ou não, permitiam conviver e criar um projeto comunitário.
Revendo nossas ações, podemos perceber o quanto cada um de nós, intimamente, buscava decifrar uma incógnita comum: o AMOR.
Acordamos cedo naquele dia, em que fomos conhecer a Montanha do Gigante. No alto da montanha, reencontramos o prazer de respirar e saudar o sol. Reencontramos o nosso lugar, situando-nos no centro dos pontos cardeais. De onde viemos, com nossa pouca visão, não importava onde estava o norte, o sul, o leste, o oeste...
Mas, na Montanha, aprendemos que esse conhecimento é vital para executar a menor das tarefas, pois em cada canto predominam determinadas energias, que devem ser consideradas.
Através de seu conhecimento da Cosmologia, o Gênio Criador sabia que a energia mais importante para o terráqueo, através da qual ele realiza seu aprendizado a caminho da espiritualidade, é o Verde, cor espiritual do elemento terra, que representa o alimento físico, mental e espiritual.
Pela sua importância, os sábios mencionam sete casas do Verde, que devem ser trabalhadas durante a existência neste Planeta.
O verde é a matriz do cérebro humano, a partir da qual se desenvolvem suas vivências, seus códigos de conduta.
Começa pelo alimento físico, na mão que sustenta, limpa, alimenta, bate, sacode; amplia-se para o mental, através da mão amiga, da percepção do entorno onde se come, aprende e ensina; passa pelo espiritual através da devoção, do plantar para o eterno.
Assim, a Cidade Ideal, situada na montanha de 45 alqueires, em São Thomé das Letras, foi criada com 7 Cozinhas, oferecendo a possibilidade de vivenciar plenamente essas realidades (em Minas Gerais, a cozinha é o ponto de encontro principal, muito mais do que a sala de estar):
COZINHA 1 – Realidade Social
Sendo a Realidade onde ocorre o primeiro contato do indivíduo com o meio, foi a primeira a ser criada. Nela, sempre deve haver lenha acesa e alimento para todos.
- Simbolismo: onde se nutre; magia obrigatória e mais elevada do terráqueo – preparar sua alimentação.
- Elemento: FOGO
- Direção: SUL
- As energias que manejam o Fogo são o Branco e o Verde.
COZINHA 2 – Realidade Profissional
Nesta Cozinha, realizam-se as aulas disciplinares, os trabalhos braçais.
Simbolismo: vida escolar, educação; trabalho; primeiras disciplinas; onde se assume um compromisso.
Elemento: TERRA
Direção: OESTE
As energias que manejam a Terra são o Prata e o Vermelho.
COZINHA 3 – Realidade Vocacional* (leia observação abaixo)
Nesta Cozinha exercita-se o poder das palavras, dos pensamentos, cultiva-se e manipula-se plantas medicinais.
- Simbolismo: tentativa de equilíbrio entre a educação de casa e da escola; a cura; onde a palavra ganha forma e entra pela primeira vez a magia e a estratégia.
COZINHA 4 – Realidade Emocional
Nesta Cozinha realizam-se festas e eventos para os montanheses e comunidades vizinhas.
- Simbolismo: situações limite; morte; jogos; festas; epidemias; cerimônias.
- Elemento: ÁGUA
- Direção: NORTE
- As energias que manejam a Água são o Preto e o Rosa.
COZINHA 5 – Realidade Íntima* (leia observação abaixo)
Nesta Cozinha, foi instalada a Creche e estava planejado um centro médico que não se concretizou, devido ao alto custo.
COZINHA 6 – Realidade Pessoal
Nesta Cozinha, não se dá trabalho ao estômago; é o local do jejum, do preparo para se receber as mensagens dos sonhos.
COZINHA 7 – Realidade Espiritual * (leia observação abaixo)
Esta Cozinha já existia na Montanha – uma caverna de pedra, ao lado do muro construído pelos escravos que habitaram a região. Local para conversar com o Divino, independentemente de crença ou religião.
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Cozinha 7 - foto de Zé Bambu |
*Obs: As cozinhas 3, 5 e 7 não são manejadas por energias específicas, sendo abertas às experiências individuais.
Ao optar por uma vida simples, subimos, um a um, cada qual carregando parte de seus pertences.
Várias viagens seriam necessárias para levar o que atenderia às nossas necessidades.
Enfrentando a longa estrada que levava ao lugar dos nossos sonhos, sentindo o peso de cada coisa, ficava mais fácil despojar-se do supérfluo.
A entrada da Montanha... foto de 2012. A trilha se alargou com o tempo.